Estilo Saúde
Equilíbrio através das lutas
Além de benefícios como maior condicionamento físico, as artes marciais como jiu-jitsu contribuem para a saúde da mente
Vá com calma quem pensa que arte marcial se limita à pancadaria desenfreada ou ainda em aprender uma forma de se defender. Há toda uma filosofia no combate de modalidades como o caratê, o jiu-jistu, o kickboxing e o judô. Ao fim de um dia de treino, o que fica é o ganho físico, claro, mas principalmente de espírito e de mente.
Mestre Leandro da Costa iniciou o contato com as artes marciais aos oito anos, a partir do seriado Kung fu, estrelado por David Carradine. Na sequência, o pai o colocou em uma aula de caratê e na adolescência o pelotense já era instrutor. Aos 20 anos fundou sua academia, o Instituto Garra de Tigre, hoje um templo no Rio Grande do Sul por já ter formado 18 faixas pretas, e atualmente preside a Confederação Nacional de Kickboxing, modalidade da qual já foi campeão gaúcho, brasileiro, sul-americano, intercontinental.
Para ele, entretanto, sem um alinhamento filosófico na carreira do lutador, tudo vira pó, inclusive tantas vitórias. “Os que lutam só por dinheiro, no momento em que encerram sua trajetória profissional, param. A felicidade deles não está no esporte, mas nessa busca financeira”, afirma, destacando que o trabalho tem de ser um conjunto de aperfeiçoamento de mente, corpo e espírito. “O bambu é o símbolo de resistência porque ele enverga, mas não quebra. Temos que ser assim como ser humano e a arte marcial ensina a seguir esse caminho: tudo tem de ter um início, um meio, mas não o fim”, diz.
Também filósofo terapeuta, Costa acrescenta que esse viés reflexivo das artes marciais tem muito a ver com sua origem oriental, cuja maior profundidade se encontra na busca pelo autoentendimento. Tal como Bodidarma, monge budista a quem se atribui a criação tanto de diversos métodos de meditação quanto da maioria das lutas hoje conhecidas, em especial o kung-fu. Para o pelotense, a junção dos dois universos e a nunca dissociação deles é imprescindível para uma total absorção dos ensinamentos tanto de alunos quanto de mestres. “Senão fica focado no pontapé, no soco. Chega uma hora em que a pessoa enjoa, porque falta a outra parte”, argumenta. Ele diz admirar o MMA, onde todas as artes marciais se misturam em uma única luta, como uma boa forma de divulgação, mas sem nunca se esquecer o estudo. “A minha maior preocupação é não se perder os princípios morais e éticos. Que não fique só a visibilidade da arte marcial apenas no confronto”, salienta
Costa explica que a parte filosófica é aplicada nas aulas através de princípios do dojo kun, uma espécie de conjunto de regras normalmente recitado no começo e no fim das aulas. São elas: esforçar-se para a formação de caráter; fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão; criar o intuito do esforço, respeito acima de tudo e conter o espírito de agressão. “No início eu faço uma entrevista pra saber o que quer aprender aqui, por que quer aprender a arte marcial. Se o cara quer simplesmente bater em alguém, não me serve como aluno. Eu tinha muita fúria, explodia por qualquer coisa. Trabalhei meu eu profundo”, comenta.
Vá com calma quem pensa que arte marcial se limita à pancadaria desenfreada ou ainda em aprender uma forma de se defender. Há toda uma filosofia no combate de modalidades como o caratê, o jiu-jistu, o kickboxing e o judô. Ao fim de um dia de treino, o que fica é o ganho físico, claro, mas principalmente de espírito e de mente.
Mestre Leandro Costa iniciou o contato com as artes marciais aos oito anos, a partir do seriado Kung fu, estrelado por David Carradine. Na sequência, o pai o colocou em uma aula de caratê e na adolescência o pelotense já era instrutor. Aos 20 anos fundou sua academia, o Instituto Garra de Tigre, hoje um templo no Rio Grande do Sul por já ter formado 18 faixas pretas, e atualmente preside a Confederação Nacional de Kickboxing, modalidade da qual já foi campeão gaúcho, brasileiro, sul-americano, intercontinental.
Para ele, entretanto, sem um alinhamento filosófico na carreira do lutador, tudo vira pó, inclusive tantas vitórias. “Os que lutam só por dinheiro, no momento em que encerram sua trajetória profissional, param. A felicidade deles não está no esporte, mas nessa busca financeira”, afirma, destacando que o trabalho tem de ser um conjunto de aperfeiçoamento de mente, corpo e espírito. “O bambu é o símbolo de resistência porque ele enverga, mas não quebra. Temos que ser assim como ser humano e a arte marcial ensina a seguir esse caminho: tudo tem de ter um início, um meio, mas não o fim”, diz.
Também filósofo terapeuta, Costa acrescenta que esse viés reflexivo das artes marciais tem muito a ver com sua origem oriental, cuja maior profundidade se encontra na busca pelo autoentendimento. Tal como Bodidarma, monge budista a quem se atribui a criação tanto de diversos métodos de meditação quanto da maioria das lutas hoje conhecidas, em especial o kung-fu. Para o pelotense, a junção dos dois universos e a nunca dissociação deles é imprescindível para uma total absorção dos ensinamentos tanto de alunos quanto de mestres. “Senão fica focado no pontapé, no soco. Chega uma hora em que a pessoa enjoa, porque falta a outra parte”, argumenta. Ele diz admirar o MMA, onde todas as artes marciais se misturam em uma única luta, como uma boa forma de divulgação, mas sem nunca se esquecer o estudo. “A minha maior preocupação é não se perder os princípios morais e éticos. Que não fique só a visibilidade da arte marcial apenas no confronto”, salienta
Costa explica que a parte filosófica é aplicada nas aulas através de princípios do dojo kun, uma espécie de conjunto de regras normalmente recitado no começo e no fim das aulas. São elas: esforçar-se para a formação de caráter; fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão; criar o intuito do esforço, respeito acima de tudo e conter o espírito de agressão. “No início eu faço uma entrevista pra saber o que quer aprender aqui, por que quer aprender a arte marcial. Se o cara quer simplesmente bater em alguém, não me serve como aluno. Eu tinha muita fúria, explodia por qualquer coisa. Trabalhei meu eu profundo”, comenta.
Onde morre o ego
Acompanha a opinião do colega o mestre Fabiano Índio, da JA Jiu-jitsu, academia com mais de 20 anos de história. Segundo ele, falando em específico da modalidade em que é faixa preta e professor, o principal benefício é o controle do ego. “Aqui a gente não tem soco nem chute, é mais a imobilização. Quando o cara te imobiliza, tu és obrigado a bater no chão como sinal de desistência - senão tu te machucas. Isso significa que tu aceitou que teu adversário foi melhor naquele momento”, explica, acrescentando o fato de não raro pessoas de 60kg vencerem rivais de 100kg.
Segundo Índio, tais situações são favoráveis ao desenvolvimento de uma autoestima mais elevada. O pequenino, que na escolaapanhava, na academia derruba gigantes e leva esse ensinamento para todos os outros segmentos da vida. “O jiu-jitsu ajuda a enfrentar e a tratar os problemas do dia a dia com mais simplicidade. “Às vezes tu tá lutando contra um cara maior, ele te amassa o tempo todo, mas sempre vai ter um jeito de tu sair daquela situação pensando, raciocinando com calma”, comenta.
O professor também destaca o jiu-jitsu e as artes marciais em geral como importantes técnicas de autocontrole. “Eu mesmo antes era um cara brigão na rua. E eu descobri que era uma falta de confiança. Eu queria provar minha masculinidade. Faz quase 20 anos que treino e nunca mais briguei, porque eu percebi que não preciso provar nada”, conta de forma parecida com a declaração do mestre Leandro Costa.
Diversos objetivos
Tanto na JA quanto na Garra de Tigre os alunos são homens, mulheres, crianças, idosos. Cada um com seu objetivo: há aqueles que querem competir, apenas aprender uma técnica de defesa pessoal ou ainda obter ganhos na saúde física, além de mental.
Estão certos, segundos os professores. Mestre Leandro da Costa afirma que há ganhos, não só no kickboxing e no caratê, mas em todas as outras categorias, por conta do intenso trabalho de apoio, barra física, abdominal, corrida. “Tu tens que ter um bom físico para aplicar um bom golpe, ter um bom trabalho de flexibilidade”, comenta. Índio segue o colega e acrescenta a possibilidade de o aluno perder de 3 mil a 3.300 kcal a cada treino. “Mas auxilia, é só uma hora de treino, tem mais 23 horas no dia”, alerta.
Aluno da JA há cinco anos, Thom Quadros é um destes. Sempre um admirador das artes marciais, ele tinha uma vida sedentária com péssima alimentação e sobrepeso. Quando iniciou no jiu-jitsu, passou a ser mais regrado com o objetivo de ter um condicionamento físico melhor para treinar com mais nível. “Eu não corria uma quadra antigamente e hoje estou muito bem”, comenta o atleta que atualmente é também instrutor na academia.
Monique Gularte luta há três anos e treina duas, três vezes por dia desde o primeiro dia em que iniciou no jiu-jitsu. Competidora assídua do Campeonato Gaúcho da modalidade, ela afirma que, no dojô, esquece todos os problemas. “Os benefícios são para o corpo e para a mente”, diz, citando também a importância da disciplina.
Principais categorias de artes marciais
Taekwondo (Coreia do Sul)
Com surgimento há mais de 2 mil anos, é a mais antiga das artes marciais, tendo provavelmente influenciado o surgimento das demais. Envolve destreza no emprego de mãos e pés voadores, esquivas e intercepções para rápida destruição do oponente.
Jiu-jitsu (Japão)
É a arte marcial de guerreiros samurais do Japão. Seus principais golpes são alavancas, torções e pressões para dominar ou derrubar um oponente. Por conta de grande popularidade no Brasil, foi criada uma subcategoria chamada jiu-jitsu brasileiro, com adaptações nas técnicas de solo.
Kickboxing (Ocidente)
Trata-se de uma arte marcial que combina as técnicas de mãos do boxe ocidental com os ensinamentos antigos das artes marciais orientais.
Aikidô (Japão)
Trata-se de uma modalidade japonesa que envolve chaves, torços e arremessos como os do jiu-jitsu combinados com os movimentos corporais das técnicas de lutas com espadas, lanças e arremessos do kenjutsu. É voltada a usar a energia do oponente para assumir o controle sobre o mesmo.
Caratê (Japão)
Abrange, principalmente, golpes contundentes como pontapés, socos, joelhadas e bofetadas executadas com as mãos desarmadas. Também se destacam técnicas de projeção, imobilização e bloqueios.
Judô (Japão)
Pretendido como um esporte marcial derivado do jiu-jitsu, acabou ganhando popularidade. O treinamento enfatiza jogar um oponente para o dojô, agarrando seu corpo ou uniforme. Após, uma variedade de bloqueadores e fechamentos de guarda pode ser utilizada para efetuar uma submissão.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário